quarta-feira, 26 de maio de 2010

OQUE FAZER AO ENCONTRAR UM SUPOSTO SÍTIO ARQUEOLÓGICO?

Em primeiro lugar devo esclarecer o que um arqueólogo faz quanto a um novo sítio arqueológico:
>>Nenhum profissional dessa área desenterra um objeto coberto por sedimentos antigos só por desenterrar, ou nenhum deles vai escavar só por escavação!
O pesquisador para iniciar um trabalho de buscas argumentativas sobre a origem de tal sítio deve estar vinculado a algum projeto de pesquisa, que tem metodologia e técnicas focadas ao tema, descrição da área e objetivos já definidos para serem relatados à comunidade. Afinal, o patrimônio histórico é direito de todos, por isso temos pesquisas que relatam e nos mantem informado de onde vieram e pra onde vão.



Em segundo lugar devo esclarecer o quão sofredor é uma pesquisa pela metade para o estudioso:
>>Como sempre tem os chamados piratas, ou até os sem consentimento de “furto” que desconhecem o código de ética profissional do arqueólogo ou paleontólogo. Na busca de um contentamento pessoal, como troféus de captura, não sabem o quanto podem estar interferindo em uma possibilidade de grande pesquisa na área quando os mesmo apanham para si as relíquias e objetos históricos das civilizações passadas. Ainda, tem os chamados "ingraçadinhos" que pixam e vandalizam monumentos.(Segue ilustração com marcação indígena em "Y" de um Sambaqui de SC vandalizado com tinta azul. Foto de arquivo pessoal: ALEXANDRINO, L.V.)



De acordo com o artigo 216 da Constituição Brasileira de 1988, que protege os sítios arqueológicos: “Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, (...) portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formados da sociedade brasileira, nos quais se incluem: (...) os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico (...) e científico”.

ASSIM, QUANDO ENCONTRAR UM SÍTIO ARQUEOLÓGICO:

1º- NÃO REMOVA NADA;
2º- FAÇA UMA MARCAÇÃO NO LOCAL PARA PODER RETORNAR AO PONTO ENCONTRADO;
3º- COMUNIQUE IMEDIATAMENTE À AUTORIDADE CIENTÍFICA MAIS PRÓXIMA:
>> www.iphan.gov.br

terça-feira, 25 de maio de 2010

PERDIDA NOÇÃO DE CIVILIZAÇÃO

Hoje conversei com um índio guarani de Florianópolis-SC, ele apareceu aqui no estabelecimento de onde trabalho oferecendo ervas para tratamento de várias doenças. No pequeno espaço de tempo em que conversamos sobre o modo de vida dele e como o índio se encontra na sociedade hoje, pude perceber que grande parte da cultura que ele recebeu na tribo dele já estava se esvaindo. Simplesmente, para ele, não estava nada fora do comum ele sair de onde nasceu e se desenvolveu, na cultura dele, para “ganhar a vida” vendendo ervas nas ruas de casa em casa.



--Eu pergunto a você meu colega leitor:
>Qual o significado de civilização?
>Até que ponto somos civis?
>Porque, para a grande maioria, o índio não é civilizado, ou não tem direito nenhum em propriedades de terra ou espaço?
>Porque é tão importante estudar as civilizações passadas, ao passo que o índio vivo na nossa frente é tão desvalorizado?

Sem dúvida, qualquer tipo de civilização está susceptível de se nacionalizar e adquirir características específicas, dentro de cada Estado, no interior de cada povo. Mas a questão chave das diversas civilizações são os elementos essenciais que o constituem, como: modo de vestimenta, cultura, culinária, religião, etc, que acabam se perdendo dentro das várias possibilidades de “miscigenação de culturas”. Estes fatos sociais não são igualmente aptos a se internacionalizar como as questões políticas, jurídicas, morfologia social; pois fazem parte de cada povo.

>Aí vem o nosso problema atual: o índio querendo seu espaço cultural nacional enquanto os conservadores (não índios) tentam mantê-los em casas moldadas em espaços delimitados e etc e tal.
>Aí a pesquisadora frustrada baixa a cabeça e continua seu estudo individual sobre civilizações passadas. As quais não estão por aí pra ti contribuir socialmente ou intelectualmente. Tem que sofrer mesmo cavando e cavando e tentando descrever um quebra-cabeça que se alastra até os dias de hoje: culturas perdidas e civilizações se perdendo!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

CAMINHANDO CONTRA O VENTO: FAROL DE SANTA MARTA – SC

Ao subir morro do Cabo de Santa Marta pequeno, o observador atento consegue admitir a existência de uma sincronização de formas de esculturas em pedras. Observe a foto a seguir, é a primeira imagem que se depara:



Existe um certo pesquisador, que o qual prefiro não citá-lo nesta nota, que descreve esta imagem como sendo uma ilustração de um grande phalo ou pênis... (???)

Eu já prefiro coligar esta imagem como sendo um símbolo adquirido pelos civis do Sambaqui do Cabo pequeno para identificar o local como sendo de certos habitantes. É como uma instrução descritiva de local reservado somente para tais pessoas, que neste caso representado por uma imagem de um bivalve aberto. Veja as próximas imagens, elas demonstram o mesmo sinal, onde é possível encontrá-las em torno de todo o Cabo:





Fazer valer uma investigação arqueológica é o que eu mais defendo. É o que eu pretendo demonstrar em minhas observações neste blog. Não quero gerar picuinhas ou mesmo espetadinhas em certos autores, somente quero levar conhecimento aos leigos e abrir mentes para novas possibilidades de descrição de sítios arqueológicos.
Para finalizar meu conceito referente a essas insculturas, repare nesta imagem ilustrativa que montei para melhor entendimento de meu raciocínio (repare a posição original de um bivalve aberto e a pedra esculpida por um habitante artista de Sambaqui):


Na sua opinião, estas insculturas representam:

UM BIVALVE ABERTO?
ou
UM PHALO? (Freud explica)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

PROSPECÇÃO NOS SAMBAQUIS DO FAROL DE SANTA MARTA -SC



Ao visitar a praia do Farol de Santa Marta, é muito comum despertar interesse nas trilhas que sobem aos montes de sambaqui e seus monumentos rochosos pleiteando a praia. O que de fato muitos deixam de perceber é a tamanha riqueza de imagens e detalhes deixados pelos habitantes que ali jaziam. De acordo com um autor, os elementos encontrados nos montes de sambaqui estão associados ao ato de coletar e não à uma produção.
De fato, os grandes montes revelam um hábito alimentar peculiar desta civilização perdida, porém, deve-se levar em consideração que os habitantes do litoral-interior, os chamados sambaquis fluviais, tiveram uma grande relação com os sambaquis litorâneos quando os mesmos também coletavam conchas de bivalves e moluscos terrestres e empilhavam em torno de lagoas, mesmo eles tendo uma vasta área para captura de outras fontes alimentícias na Restinga.
Isso mostra que o ato de empilhar ou produção de montes de conchas não significa mero "castelamento" de restos de comida, pode sinalizar um gesto cultural-litorâneo pela dependência ou respeito à vida aquática para a sobrevivência da população.
Um modo de carregar este meu ponto de vista é observar a presença de grandes esfinges de pedra expostas meticulosamente de frente para o mar. Estas grandes imagens mostram o respeito destes homens pela vida aquática ou mesmo uma crença em deuses para proteção e fortalecimento pessoal, os quais acreditavam ser advindos do mar ou ambientes aquáticos. (fotos de arquivo pessoal: data: 05\03\2010 - Alexandrino, L.V.)